quinta-feira, 20 de novembro de 2008

ZOOFILIAS

Já se disse neste blog que os portugueses não dão grandes exemplos, enquanto povo, quanto ao amor pelos animais. Qualquer pessoa conhece o flagelo dos animais abandonados e mais recentemente das lutas. Para quem trabalha em clínicas veterinárias há mais de dez anos, no entanto, essas histórias são já banais, outras tantas, mais atrozes, já conhecemos e lutamos para esquecer.

O tema, no entanto, é a zoofilia. Por definição, corresponde ao amor pelos animais. Não se deverá confundir com algum tipo de preversão. Para mim, neste post, significa a fantástica actividade de pessoas (organizadas ou não em associações), em prol dos animais, responsáveis pela recolha, tratamento e encaminhamento para adopção de animais abandonados, negligenciados ou maltratados (ou pura e simplesmente perdidos).

Admiro profundamente a dedicação de tais pessoas. Não seria capaz de desperdiçar altruisticamente o meu tempo, a minha vida e (acredito, muitas vezes) a minha sanidade mental, orientando-os em prol de criaturas necessitadas. Quando nos aparecem na clínica, procuramos ajudar, contribuir, encaminhar e aconselhar.

Uma clínica veterinária não pode recolher animais. É algo de contra-natura, lembremos, para uma empresa de índole comercial. Mais que isso, coloca em risco os clientes saudáveis e os doentes, já que os pobres, ao serem resgatados da rua, vêm quase sempre com mazelas, frequentemente de carácter contagioso. Mesmo assim, tem acontecido, uma vez ou outra, socorrer um caso de aflição, por uns dias. Quando o IGOR acabou por ir ficando, quase ficou cá, destroçou um ou outro coração por cá quando saiu, acabou por servir de motivo de zanga com a ZOOPATA, uma destas associações, com sede em Benfica.

Na história da TANTAS PATAS, a vontade de contribuir sempre foi formulada. Nem sequer imaginamos a vida da clínica sem se contemplar a colaboração com uma associação zoófila. Quando a colaboração com a ZOOPATA acabou, ficámos um pouco perdidos, procurando outra associação para poder ajudar. Trata-se de uma maneira de estar no mundo veterinário, não melhor nem pior da de outras pessoas.

E se, por enquanto, estejamos procurando novos parceiros na vertente da solidariedade para com os animais, não temos nunca grndes hesitações em ajudar quem ajuda. Fazêmo-lo dentro dos limites que nos impomos. O Igor foi exemplo suficiente. Outros vieram, ficaram uma noite e puseram em risco o nosso trabalho de promover a saúde de todos os animais.

No próximo ano já, pretendemos ter orçamento para ajudar animais. Esse orçamento será constituído por um fundo virtual, correspondente a descontos (e ofertas) em serviços e produtos a aplicar na ajuda do trabalho dos que ajudam. Também poderemos contar com algum tipo de oferta de terceiros para esse fundo, mas preferencialmente que o façam directamente a algum animal.

Posso anunciar, entretanto, que iremos começar a colaborar com a Pata Vermelha (http://www.patavermelha.blogspot.com/), constituindo-nos como um PONTO VERMELHO, ao qual qualquer pessoa possa vir depositar medicamentos ou produtos, em resposta a apelos desta associação. Temos investigado outras causas, outras associações. Mas, dado que a TANTAS PATAS ainda só gatinha, ainda não temos muito a oferecer...
Por outro lado, essa colaboração vem sendo bastante pensada, por forma a não nos metermos noutra confusão. Perdoem-me o desabafo, mas a credibilidade de muitas destas associações vem-nos sendo cada vez mais difícil de aceitar, com muita política misturada, interesses que não os dos animais a tomar relevância, protagonismos exacerbados, dissidências e contra-dissidências, guerras pessoais, enfim, o pior da humanidade a atrapalhar aquilo que devia ser o seu melhor.
Continuamente vemos o "Veterinary Hospital", onde o exemplo máximo da zoofilia nos é colocado de forma simples, franca, organizada e credível: o RSCPA. Esta sigla é o acrónimo da Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals, com mais de 150 anos. Acredito que a sua credibilidade é superior a quase todas as instituições do Reino Unido. Porquê? Porque o que fazem é realizado de forma aberta, dedicada e com demonstração de resultados. Ajuda estar na Grã-Bretanha e não em Portugal. Mas também lá foi necessário ajudar a prevenir a crueldade com os animais. Por cá, só conheci a Sociedade Protectora dos Animais, lutando para sobreviver. Acredito que também cá surgirão instituições como essa, capazes de atingir esse patamar. Só que levamos 150 anos de atraso...


Falaremos mais sobre as diferentes zoofilias, não duvidem.

1 comentário:

Anónimo disse...

"A grandeza de uma nação e o seu progresso moral, podem ser avaliados pela forma como tratam os seus animais” - Mahatma Ghandi.

continuem o bom trabalho!!
matilde